NR-10 para todas as profissões: mito ou verdade?

2 Maio, 2019 0 Por admin

Autora:  Engª. Eletricista e de Segurança do Trabalho Lorena Gonzaga Garcia


A sociedade foi construída sem grandes recursos, todavia a mesma só evoluiu e se mantem até hoje graças ao surgimento da eletricidade. Sendo assim, todas as relações humanas e trabalhos realizados giram em torno de energia elétrica. Não há como pensar em mundo sem pensar nas redes de distribuição conectadas e distribuindo energia em torno e dentro das cidades onde pessoas transitam; nas formas de transformação dessa sejam por subestações ou transformadores em postes; em tomadas, lâmpadas, geladeiras, chuveiros e demais eletroeletrônicos que funcionam nas residências e demais instalações comercias e industriais. Portanto não existe nenhum momento que não seja primordial o cuidado com eletricidade.

Para regulamentar e alimentar uma sociedade com energia elétrica, foi se tornando necessária a criação de regras para que mais pessoas não se acidentassem, o que culminou na elaboração tripartite (Governo, Empregador e Empregado) da Norma Regulamentadora NR-10 – Segurança em Instalações e serviços em eletricidade. Esta serve para estabelecer limites de segurança ao trabalhar com instalações ou próximo as mesmas. Desta forma, ficou entendido e consolidado com o seu surgimento, que deveria existir cautela com o uso da energia elétrica, pois além de não ser visível, ainda pode causar severas sequelas. A norma ainda trás em seu conteúdo a necessidade de que profissionais que trabalhem em zonas de riscos e/ou zonas controladas, realizem cursos e instruções para trabalharem com segurança não limitando apenas a profissionais com conhecimento prévio como eletricistas, eletrotécnicos, engenheiros eletricistas dentre outros. Então, pode-se entender que as pessoas sujeitas ao risco direto ou indireto com eletricidade devem ter conhecimento deles e suas consequências.

Contudo, ao avaliar o cenário atual, entende-se que mesmo as estruturas que possuem energia elétrica sendo corretamente e seguramente instaladas e mantidas, não são 100% confiáveis. Sendo assim, ao transitar nas ruas, adentrar comércios, ou ainda trocar lâmpadas e outros eletroeletrônicos nas residências, o risco ainda existe. De acordo com dados da FUNCOGE (Fundação e Comitê de Gestão Empresarial), o maior percentual de acidentes no setor elétrico, ocorre pela falta de conhecimento, oriunda por parte dos acidentados ou pelos causadores dos acidentes sobre os riscos e em locais não correlatos a sua profissão.

Entende-se como trivial um mínimo de conhecimento de como a eletricidade funciona e quais riscos ela pode gerar. Existem vários exemplos para contextualizar a exigência de senso comum , dentre eles: acidentes graves ou até mesmo fatais que acontecem constantemente com auxiliares de serviços gerais que higienizam chão de fábrica nas industrias e são eletrocutados em equipamentos energizados no local de trabalho; civis que recebem descargas de energia devido ao rompimento de cabos na rede de distribuição; choques elétricos causados por manutenção residencial ou ajustes técnicos realizados por eletricistas ou por residentes que não detêm nenhum ou muito pouco conhecimento técnico.

É perceptível a demanda de conhecimento de segurança em eletricidade tanto para profissionais atuantes da área como eletrotécnicos e engenheiros eletricistas, quanto para os demais que estejam próximos ou atuantes no setor, porém com funções não correlatas a eletricidade. Sendo assim, a conscientização e instrução através do curso de NR-10 e campanhas de segurança, deveria ser algo trivial e fazer parte da rotina de profissionais em geral. A norma é bem clara ao dizer que as instalações devem ser bem projetadas, executadas, operadas e mantidas, entretanto a mesma diz que apenas naquelas que são perfeitamente instaladas e mantidas é que não se deve ter cuidado nem conhecimento pois estas não oferecem riscos iminentes. Portanto, na não existência de um sistema elétrico completamente seguro e instalado, é fundamental o conhecimento de todos sobre tudo que diz respeito a eletricidade, riscos e medidas de segurança. Segurança é constitucionalmente dever de todos!

 

INFORMAÇÕES DA COLUNISTA

 

Lorena Gonzaga Garcia, Engenheira Eletricista e de Segurança do Trabalho pela UFG, pós-graduanda de Ergonomia na FATESG-SENAI-GO. Professora de treinamentos, graduação e pós-graduação pelo IPOG, SENAI-GO e de forma autônoma.