A Engenharia Clínica

26 Abril, 2019 0 Por admin

Autor: Eng. Eletricista Ricardo Maranhão


Com o aumento da incorporação de novas tecnologias no ambiente hospitalar, os equipamentos médicos representam, hoje, cerca de 50% do custo total dos investimentos nas instituições de saúde, fazendo com que o engenheiro clínico tenha um papel fundamental na otimização desses custos e o aumento na produtividade do parque tecnológico instalado.

Em paralelo, temos os programas de acreditação hospitalar, que vêm exigindo altos padrões de segurança e qualidade para a gestão do parque de equipamentos médicos. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabeleceu através da NBR 15.943, as diretrizes de um programa de gerenciamento de equipamentos médicos a ser executado por um engenheiro com especialização comprovada na área. E o engenheiro clínico é o profissional mais habilitado para gerir de forma adequada e dentro das normas vigentes o parque tecnológico da unidade de saúde.

Podemos acrescentar que, nos últimos anos, a procura por este profissional e pela implantação de um setor de engenharia clínica nos hospitais vem crescendo e sendo cada vez mais reconhecida. A busca pela qualidade nos serviços de saúde e os processos de acreditação hospitalar são considerados alguns dos responsáveis pela conscientização do segmento sobre os benefícios da engenharia clínica na área médica.

Como marco regulatório, em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a RDC 02 que exige o gerenciamento de tecnologias em saúde em estabelecimentos hospitalares e determina um responsável técnico pela gestão de equipamentos médicos. A Vigilância Municipal de Saúde (SVISA) de nossa capital já está auditando os hospitais para atendimento a esta resolução e não podemos esquecer do papel de nosso Conselho Regional de Engenharia (CREA) na fiscalização assegurando a participação desse profissional no gerenciamento dos equipamentos de saúde.

E com o gerenciamento dos equipamentos de saúde conseguimos, por exemplo, diminuir os custos com manutenção e agilizar o atendimento ao paciente reduzindo o tempo de equipamento parado. Segundo dados estatísticos, cerca de 80% dos problemas com equipamentos hospitalares são de baixa e média complexidade e podem ser resolvidos internamente pela equipe de engenharia clínica.

No entanto, o escopo de atuação desses profissionais vai muito além da manutenção dos dispositivos médicos. A atuação do engenheiro clínico inicia com a aquisição do equipamento, passa pelo recebimento, pela definição e adequação do local para a instalação, pelo treinamento do usuário que irá operar o equipamento até à intervenção técnica quando for necessária, incluindo as manutenções corretivas e as preventivas. Além disso, o engenheiro clínico acompanha a desativação da tecnologia que estiver em desuso e providencia o seu descarte correto.

Na aquisição de uma nova tecnologia, o engenheiro clínico pode atuar nos estabelecimentos de saúde planejando a instalação dos equipamentos, levantando os requisitos de instalação, acompanhando a adequação do espaço físico, que incluem a infraestrutura elétrica, hidráulica, de climatização, entre outras, para que o equipamento seja instalado de forma correta. É preciso fazer essas intervenções com o máximo de cuidado, para gerar o menor impacto possível na rotina da unidade de saúde. Alguns estudos comprovam que quando é feito um planejamento adequado da aquisição, levando em consideração a instalação do equipamento, é possível gerar uma economia de 20% a 30% do custo de obra do hospital. Isso evita que equipamentos sejam comprados e fiquem por muito tempo parados esperando a adequação física, por isso o planejamento feito por um engenheiro clínico é tão importante, ele garante que a obra caminhe durante o processo de aquisição do equipamento, poupando tempo e gerando economia.

Atualmente, os hospitais estão percebendo que para chegar a um nível de excelência na qualidade e segurança oferecida aos seus pacientes é preciso ter uma gestão de tecnologia em saúde. Com isso, o trabalho do engenheiro clínico tem sido um grande suporte às equipes multiprofissionais elevando o nível dos serviços oferecidos nas instituições hospitalares.

 

INFORMAÇÕES DO COLUNISTA

 

Ricardo Maranhão é Engenheiro Eletricista, Especialista em Engenharia Clínica, Mestre em Gestão de Tecnologia da Saúde. Vice-Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Clínica (ABEClin) e sócio da ORBIS Engenharia Clínica. Coordenador do curso de especialização de Engenharia Clínica pela RTG.