NBR 5410:2004 – Itens Esquecidos ou Ignorados por Projetistas Elétricos

24 Junho, 2019 0 Por admin

Autor: Eng. Eletricista Moacir Santos Mendes


Fiquei feliz em receber o convite do nosso companheiro e diretor de eventos da ABEE-GO Engº Mathaus Batista para escrevermos algo por aqui. Desde já agradeço a oportunidade.

Iremos fazer comentários de alguns itens da NBR 5410:2004 que algumas vezes não são levados em consideração nos projetos elétricos.

Não irei aprofundar em um item específico, mas me coloco à disposição para conversarmos mais nos comentários ou por outro meio de comunicação sobre eles.

O primeiro ponto que gostaria de ressaltar e que se transformou em uma afirmação comum é: “10 ohms em qualquer época do ano”, ou “ a menor resistência possível.”. Talvez o leitor encontre alguns artigos publicando como recomendação da norma uma dessas duas frases.

Bom, a primeira já está bastante trabalhada de que não existe recomendação fixa em um único valor de resistência de aterramento citado pela NBR 5410:2004, mas a segunda ainda está sendo um tanto difundida como verdade.

Vale ressaltar a importância de que devemos assegurar a menor resistência de aterramento possível na edificação aliada à equipotencialização principal, porém, esta afirmação se encontra na NBR 5419:2015-3 no item 5.4, subitem 5.4.1: “Deve ser obter a menor resistência de aterramento possível, compatível com o arranjo do eletrodo, a topologia e a resistividade do solo no local.” e não na NBR 5410:2004 como usualmente encontramos nas citações de projetos.

O segundo ponto, que levanta muitas dúvidas quanto à interpretação, é de que deve ser deixado disjuntores reservas nos quadros de distribuição. Esta prática é bastante comum entre os projetistas, porém vamos analisar o que a norma nos recomenda no item 6.5.4.7: “…deve ser previsto espaço de reserva para ampliações futuras, com base no número de circuitos…” .

Obviamente a capacidade de carga reserva deve ser explicitada em projeto, porém, conforme a norma, devemos prever espaços reservas no quadro de distribuição e não disjuntores com corrente nominal, curva de atuação e capacidade de interrupção específica, limitando, assim, totalmente o tipo de carga a ser instalada.

O terceiro ponto é sobre casos em que o uso de dispositivo diferencial-residual (DR 30mA) é obrigatório. Basicamente o leitor irá encontrar no item 5.1.3.2.2 nas alíneas “a” até a “e” todas as recomendações de onde se deve prever o uso deste dispositivo, porém o que costumamos ver é uma configuração um pouco diferente em que a instalação do DR é feita a jusante do disjuntor geral da edificação, fazendo com que toda a instalação esteja sobre o dispositivo.

Fica fácil prever que possivelmente, a possibilidade de fuga de corrente se torna constante e a dificuldade de verificação em caso de desarme é enorme. Na dúvida, siga as determinações de uso no item supracitado e assim, o leitor verá que a NBR 5410:2004 recomenda intrinsicamente o uso do DR somente nas áreas citadas e não em toda a edificação.

Vamos para o quarto ponto: o uso de SELV (Sistema de Extra Baixa Tensão) nos arredores ou dentro das piscinas. Para esclarecer melhor vamos observar a ilustração que a norma nos trás:

 

Figura 1 – Dimensões dos volumes para reservatórios de piscinas e lava-pés (NBR 5410:2004)

 

Podemos verificar na figura 1 três volumes diferentes: volume 0 (interior dos reservatórios), volume 1 área compreendida no espaço entre 2,5m verticalmente e 2,0m horizontalmente do reservatório, volume 2 área compreendida após o volume 1 em um espaço de até 1,5m.

No item 9.2.3.1.1 temos a seguinte afirmação: “Nos volumes 0 e 1, admite-se apenas  o uso de SELV com tensão nominal não superior a 12V em corrente alternada, ou 30V em corrente contínua…”.  Diante desta recomendação, podemos observar realmente o uso de SELV na maioria das instalações de luminárias nas piscinas no que se refere ao volume 0. Porém no volume 1, se pensarmos bem, o uso de arandelas é bastante comum nos arredores e, se as mesmas estiverem a uma distância de até 2,0m do reservatório inferior, também deverá ser obrigatório o uso de SELV. Por tanto fica aqui a recomendação de que, além de assegurarmos uma fonte de segurança para trabalharmos com as tensões delimitadas no interior, também devemos prever outra fonte para trabalhar com o uso de SELV também nos arredores até 2,0m.

Diante dos itens expostos, deixo aqui a recomendação para aprofundarmos nas prescrições normativas da NBR 5410:2004, evitando, assim, que o erro comece pelo projeto.

 

INFORMAÇÕES DO COLUNISTA

 

Engenheiro Eletricista (PUC-GO), sócio diretor da FAM Engenharia e Projetos, desenvolve atividades como engenheiro na elaboração de projetos elétricos de baixa e média tensão, bem como projetos e montagem de painéis elétricos de distribuição, projetos de subestações, cabeamento estruturado, seletividade de sistemas elétricos, dimensionamento de malhas de aterramento e sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).