Você Conhece as Instalações em Sua Casa?

Autora:  Engª. Eletricista e de Segurança do Trabalho Lorena Gonzaga Garcia

Desde os primórdios conceitos sobre instalações elétricas, o pensamento era conduzir por longas distâncias de forma efetiva. Contudo, há poucos anos que questões de segurança, qualidade e confiabilidade vêm sendo colocadas a prova. De acordo com dados da FUNCOGE (Fundação e Comitê de Gestão Empresarial) grande parcela das principais causas de acidentes elétricos são residenciais, o que justifica a tese de não haver segurança na própria casa e que baixa tensão (tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra) é tão perigosa quanta alta tensão (tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.), de acordo com a própria definição da NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços com eletricidade.

Os materiais que compõem os equipamentos elétricos e fiações em geral, tem vida útil e durabilidade naturalmente reduzida ao entrar em funcionamento e conduzir eletricidade. Para componentes isolantes é necessária uma resistividade e consequentemente uma resistência maior e para materiais condutores o contrário, contudo esses isolando ou conduzindo além de serem comumente subdimensionados, não passam pelas devidas manutenções e trocas periódicas, bem como testes dielétricos para garantir a condutibilidade, o isolamento e consequente proteção, e a confiabilidade, o que ocasiona queimas de luminárias, chuveiros e eletrodomésticos em geral. Sendo assim, os riscos de tomar um choque elétrico e da instalação sofrer perdas em um curto circuito é muito alto.

As mídias sociais principalmente Google e Youtube, vieram para revolucionar a era do conhecimento, contudo grande parte dos conteúdos relacionados a eletricidade são produzidos de forma aleatória e sem o devido estudo e entendimento, o que ocasiona a ‘formação’ de eletricistas residenciais que acreditam ter o necessário para manter as instalações em sua casa em perfeito estado. Porém, em relatos dos mesmos, o que se percebe é o total dessaber ao trocar uma lâmpada e não desligar o disjuntor, ou mesmo mexer na resistência de um chuveiro com seu sistema ligado, gerando uma série de pequenos choques que perturbam o funcionamento normal do corpo.

Estudos feitos da medicina em junção a segurança do trabalho, comprovam que correntes muito pequenas de até 100 miliamperes são suficientes para até mesmo levar a óbito uma vitima de choque elétrico. Com isso, podemos concluir que dentro de nossas casas corremos um alto risco de nos acidentarmos com uma simples troca de lâmpada e as sequelas serem severas. Dessa forma, é evidente a necessidade de se fazer as devidas manutenções residenciais com questões de segurança, como desenergizar o circuito que irá ser operado (desligar o disjuntor e de preferência o padrão da casa), bloquear para não reenergizar novamente (normalmente os disjuntores atuais já vem com bloqueio de religamento interno eliminando a necessidade de outro bloqueio), constatar a ausência de tensão (usar uma chave teste para verificar se desligou realmente), e sinalizar para garantir que nenhuma outra pessoa ligue novamente até terminar o serviço.

As instalações desde seu projeto de acordo com normas de segurança e normas técnicas, devem ser realizadas com correto dimensionamento e prevendo questões de segurança. No item 10.6.1.2 da Norma Regulamentadora NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços com eletricidade, diz que : “As operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida.”. Isso significa que apenas se as nossas instalações residenciais fossem perfeitas, sem falhas e 100% seguras poderíamos operar e manter as mesmas sem conhecimento algum. Sendo assim, nem mesmo os técnicos e engenheiros formados que fizeram suas próprias casas, podem trabalhar sem segurança.

Eletricidade é o perigo invisível que gera riscos e prováveis danos nitidamente visíveis e normalmente irreversíveis.

INFORMAÇÕES DA COLUNISTA

Lorena Gonzaga Garcia, Engenheira Eletricista e de Segurança do Trabalho pela UFG, pós-graduanda de Ergonomia na FATESG-SENAI-GO. Professora de treinamentos, graduação e pós-graduação pelo IPOG, SENAI-GO e de forma autônoma.